Percepção pública da C&T em ambientes virtuais

Com o crescimento no consumo de informação pelas mídias sociais, a comunicação científica deixa de ser uma prática exclusivamente institucional (de universidades, pesquisadores, órgãos públicos e outros) e é realizada também por outros atores que também ganham relevância e visibilidade nesses espaços. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) convidaram o Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) para, em parceria, desenvolver um estudo sobre os discursos midiáticos na imprensa profissional e nas mídias sociais, tendo como objetivo principal entender como as representações da ciência são disseminadas nesses espaços.

Para cumprir esse objetivo, a pesquisa de percepção pública em C&T em ambientes digitais contemplou 786 textos jornalísticos publicados pelos jornais Folha de S. Paulo e O Globo e, com isso, buscou responder quais áreas do conhecimento, disciplinas e assuntos que recebem maior atenção do jornalismo especializado. Além disso, também foram examinadas quais são as vozes mais citadas pelos jornais para falar de pautas científicas. Esses dados foram coletados com uso de ferramentas de raspagem de dados (webscraping). No caso das mídias sociais, foram observados 320 perfis e 320 canais autores de conteúdos no Instagram e no Youtube. Com esse material, as equipes do estudo exploraram o conteúdo das postagens, o engajamento gerado entre os usuários e as características dos perfis/canais que produzem as publicações.

Os resultados alcançados, dispostos nesse documento, demonstram que a imprensa tradicional e as redes sociais digitais possuem características que se aproximam no que diz respeito ao debate sobre a ciência. Isto é, com os dados da produção jornalística, percebe-se uma concentração no conteúdo em poucas áreas do conhecimento (como Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, por exemplo), em fontes masculinas (são 72% das fontes ouvidas nos jornais) e em instituições citadas dos Estados Unidos (37,7% das instituições citadas). Além disso, a modelagem de tópicos, técnica utilizada para compreensão dos discursos analisados, demonstrou que tópicos como exploração espacial, investimento e contingenciamento, mudanças climáticas e dinossauros são presentes nas reportagens jornalísticas.

Já o estudo sobre as mídias sociais demonstrou que o debate se concentra em temas como políticas de Ciência e Tecnologia e áreas como Ciências Exatas e da Terra. Além disso, muitas vezes o termo "cientista" é usado de maneira comercial para legitimar os autores e vender produtos. Essas e outras questões emergem dos dados apresentados nesta publicação, o que evidencia a importância no debate sobre o assunto. Nesta aba, é possível conferir alguns dos seus principais resultados. O estudo completo está disponível na aba de publicações.

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